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Arcano A Lua

Atualizado: 25 de out. de 2024


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Olá, eu sou a Lua! O luminar celeste no limiar terrestre.

Sou o caminho não conhecido, e o desconhecido no caminho.

 

Eu sou de fases, e te ilumino, te intimido, te abalo;

domino as águas, as marés, e sob meus pés

sementes são plantadas, casos são contados,

serenatas são cantadas, encontros são cancelados.

 

Sou a Lua crescente depois da nova, que renova o humor e depois transborda;

sou a lua cheia da colheita, a lua exuberante da vitória.

Sou a lua dos enamorados e das boas histórias.

Sou também a lua da cura, a fase que mingua as doenças da alma.

 

Sou a Lua que muda, mas que fala com o Tempo

ele me entende, e não me apressa; ele me deixa ser eu mesma.

Sou cheia de dúvidas, sou vazia de garantias

Toda gestação se faz no escuro – é uma caixinha de surpresas.

 

Eu sou aquela que reflete o sol; sou o disco que oscila do dourado ao opaco.

Sou muitas, e a mesma; sou sua companheira de incerteza.

Dizem que sou a insegurança, mas também sou a beleza.

Sou a precursora do Sol, e filha da Estrela.

 

Comigo, o caminho é invisível, minha luz é emprestada;

sou também vida passada; meu instinto já sabe o destino.

Entre temores e ousadias, dou voltas na imaginação;

caldeirão de mistérios, ciranda de magia, círculo de poetas, guardiã de multiversos.

 

Sou a Lua eclipsada, a interface do oculto,

a face revelada, o segredo e os disfarces.

Estou acostumada com a penumbra, as provações, e o improvável.

Mas estou farta das provocações: me julgam traiçoeira e instável.

 

Eu, a Lua, sou o momento da vida em que tudo é temporário

– na verdade, a vida toda é esse tempo raro.

Eu, a Lua, sou a raridade: o satélite que trombou com a Terra

o útero, a fertilidade, a ancestralidade.


E venho te ensinar que você não precisa enxergar o fim do caminho,

confia! 

Eu te desafio porque é na noite sombria que a luz se faz visível.

É no sombreado da cena que o segredo se apresenta.

 

Eu sou a Lua, sua força

de imaginar estradas diante do cascalho;

sua habilidade de sentir e dar sentido,

sua coragem de seguir em frente, mesmo andando de costas.

 
 
 

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Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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