Arcano A Lua
- Lucelia Oshiro

- 29 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de out. de 2024

Olá, eu sou a Lua! O luminar celeste no limiar terrestre.
Sou o caminho não conhecido, e o desconhecido no caminho.
Eu sou de fases, e te ilumino, te intimido, te abalo;
domino as águas, as marés, e sob meus pés
sementes são plantadas, casos são contados,
serenatas são cantadas, encontros são cancelados.
Sou a Lua crescente depois da nova, que renova o humor e depois transborda;
sou a lua cheia da colheita, a lua exuberante da vitória.
Sou a lua dos enamorados e das boas histórias.
Sou também a lua da cura, a fase que mingua as doenças da alma.
Sou a Lua que muda, mas que fala com o Tempo
ele me entende, e não me apressa; ele me deixa ser eu mesma.
Sou cheia de dúvidas, sou vazia de garantias
Toda gestação se faz no escuro – é uma caixinha de surpresas.
Eu sou aquela que reflete o sol; sou o disco que oscila do dourado ao opaco.
Sou muitas, e a mesma; sou sua companheira de incerteza.
Dizem que sou a insegurança, mas também sou a beleza.
Sou a precursora do Sol, e filha da Estrela.
Comigo, o caminho é invisível, minha luz é emprestada;
sou também vida passada; meu instinto já sabe o destino.
Entre temores e ousadias, dou voltas na imaginação;
caldeirão de mistérios, ciranda de magia, círculo de poetas, guardiã de multiversos.
Sou a Lua eclipsada, a interface do oculto,
a face revelada, o segredo e os disfarces.
Estou acostumada com a penumbra, as provações, e o improvável.
Mas estou farta das provocações: me julgam traiçoeira e instável.
Eu, a Lua, sou o momento da vida em que tudo é temporário
– na verdade, a vida toda é esse tempo raro.
Eu, a Lua, sou a raridade: o satélite que trombou com a Terra
o útero, a fertilidade, a ancestralidade.
E venho te ensinar que você não precisa enxergar o fim do caminho,
confia!
Eu te desafio porque é na noite sombria que a luz se faz visível.
É no sombreado da cena que o segredo se apresenta.
Eu sou a Lua, sua força
de imaginar estradas diante do cascalho;
sua habilidade de sentir e dar sentido,
sua coragem de seguir em frente, mesmo andando de costas.






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