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Sou apaixonado pela vida e escolho viver.

A minha escola é a vida, e toda lição me parece convidativa.

Sou aquele que ama, que deseja,

e que aprendeu a querer tudo, ao invés de apenas querer muito.

Eu quero tudo o que a vida pode me oferecer:

frutos doces ou azedos, eu recebo e aceito.

 

Ter tudo é diferente de ter muito: todo excesso revela uma escassez,

todo exagero é oposto ao essencial.

Ter tudo é estar completo, ainda que de mãos vazias.

 

Enamorado ou Enamorados, singular ou plural, eu nunca estou sozinho:

feminino e masculino se conjugam em mim.

E nesse casamento de potência não há competição, só competência.

 

Eu sou o desejo inadiável de ser feliz

e olho na direção do meu querer.

Então eu te pergunto: Qual é o seu querer,

o seu bem-querer, o desejo da sua alma?

 

Sou o Enamorado e, por amor, posso ir ou ficar;

Mas o arbítrio é obrigatório.

Eu sou o momento da vida que te interroga:

para onde você vai?

 

O arbítrio não é livre porque há restrição:

você só pode escolher entre o que está disponível e conhecido.

Como você vai escolher algo que nem sabe que existe?

 

Há muitas coisas que a gente desconhece.

Assim como há coisas que a gente conhece, mas não sabe ainda.

 

Eis a grande responsabilidade, e também a grande dor:

toda escolha implica uma renúncia ao que poderia ter sido, mas não foi.

E este é o seu momento crucial, a encruzilhada: vá e não olhe para trás.

Decide e segue em frente. Só não coloque a culpa na serpente.

 

No Jardim do Éden, não há fruto proibido, há o fruto gratuito.

E assim somos nós: frutos das nossas escolhas: - Pague o preço!

 

Muitos dizem que a escolha é por amor.

Mas, quando você ama algo, não há como não agir.

Não se escolhe algo por Amor: o Amor não nos dá escolha.

O Amor é quem nos escolhe.

 

Eu, O Enamorado, venho te dizer:

Seja qual for a decisão, ela não é boa ou ruim. Apenas é.

Assuma sua responsabilidade, arque com as consequências.

O caminho estará onde você estiver; caminhe, e ele se fará sob seus pés.

Escolha certa é escolha feita,

E todo caminho vai para o mesmo lugar.

 

Eu sou o momento da vida que pede uma definição, às vezes, uma despedida,

Não precisa ser o fim, o ponto final; pode ser ponto e vírgula

nem sempre é ruptura, pode ser continuidade - mas de um jeito diferente.

nem sempre é mudar o caminho, mas pode ser mudar os sapatos;

não precisa mudar o rumo, basta mudar os passos:

não vai dar para mudar o passado, mas pode moldar o futuro.

 
 
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Sou o Papa, o Sacerdote, o Pontíficie, a ponte.

- Sou o Caminho, a Verdade e a Vida, disse o mestre;

Mas eu não sou o mestre, sou apenas o mensageiro.

 

Não sou o Caminho, nem sei todas as trilhas:

mas sei sobre as idas e vindas da vida.

 

Não tenho a pretensão de ser a Verdade, não sou a divindade.

Meu conhecimento foi herdado da ancestralidade.

Sou autoridade, mas não sou O Escolhido.

Sou a Pedra fundamental, o valor primordial.

 

Dizem que sou a instituição, as regras, o dogma, o paradigma,

a convenção, o conveniente, bem convincente!

Poucos sabem que eu sou a estrutura reguladora,

o mecânico do Tempo, o artesão das tramas sistêmicas.

Sou o arquiteto do labirinto da Árvore da Vida:

Eu sou Uno com o Todo, e todos somos um.

 

A meus pés tenho as chaves, mas,

não é sobre o que elas abrem, mas o que elas fecham!

Tudo o que nasce, depois morre, mas ainda que morto, não desaparece.

O desfecho da história não se encerra no seu fim.

 

Eu sou o ancião, a história viva; a catedral que se constrói por gerações e tradições.

Sou pedra sobre pedra, ano após ano, dedicação e devoção.

Sou os pilares da fé, as pilastras da retidão.

Sou o vitral através do qual a luz se verte em compaixão:

Pedaços de luzes coloridas curando almas partidas;

em mim tudo se integra, tudo faz parte, tudo pertence.

 

Em mim, não há partidos, oposições, oponentes, guerra santa.

Em mim, há partilha, contemplação e paz.

Pode parecer que represento a igreja, a religião; mas não represento a crença

– sou a confiança, a convicção.

 

Há quem veja em mim um representante de Deus... Mas, o que é Deus?

Deus é tudo o que está, em você e ao seu redor.

- Seu questionamento só existe porque você duvida de si mesmo.

 

Tudo foi como deveria ter sido. Tudo será como tiver que ser.

Mas, não veja como castigo, nem falta de arbítrio.

Deus não escreve certo em linhas tortas;

as linhas não estão tortas, seu olhar é que está enviesado.

Afinal, o que você quer, nem sempre é o que você precisa!

 

A vida é um tecido, um fio intermitente...

Não há vida passada ou vida presente; há vida

que se desdobra e se estende por toda a eternidade.

Na eternidade não há fim, nem começo, só o meio

Você está no meio - de quem veio antes e quem virá depois.

Você é o elo de uma parte da história toda.

Mas, ainda que seja parte, é preciso que seja inteiro!

 

Nem lá nem cá, nem no lugar de quem já foi, nem abduzido pelo karma que não há.

A vida pode ser só uma teoria, uma conspiração, uma hipótese, uma invenção.

 

Há mistérios que a mente não alcança;

mas a Alma sabe o caminho;

o bom filho sempre à casa torna

e a Casa (do Pai, ou da sua Fé) não está longe

– o Lar não é lá, é em todo e qualquer lugar.

Porque Deus sempre está.

 
 
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Eu, Imperador, decreto vitórias infinitas. E assim é.

 

Eu sou a ordem, o controle, o provento e a proteção.

Sou a paternidade, a governança, o olhar sério, a mão firme em prontidão.

 

Eu sou a potência da expansão, horizontes além da visão;

sou líder de mim mesmo, não espero, vou e faço.

 

O que eu não sei, eu aprendo. O que eu já sei, me edifica e se multiplica.

Afinal, estabilidade não é estagnação, e conforto é diferente de acomodação.

 

Também sou calmo e estratégico; mesmo parado, vou além.

Como no jogo de xadrez, inteligência é estar dois passos à frente.

 

Sou o senhor das minhas posses, não tenho medo de perder;

o que é meu de direito vai permanecer; o que me pertence, vai chegar.

- O que eu busco está me buscando também.

 

Dizem que sou grande, mas ninguém cresce sozinho.

Meu crescimento é constante, e nos bastidores há bons amigos.

Quanto aos desafetos, os mantenho por perto!

 

Ainda que eu seja pai de muitos, sei que cada um tem sua história:

ajudo quem posso, mas não sufoco – deixo livre a trajetória.

 

Sim, tenho riqueza, mas não cabe a mim resolver o problema alheio:

interferir na vida do outro é ferir sua dignidade;

extirpar o problema é abortar a semente da evolução.

 

Cada desafio é degrau ascendente. 

E, das pedras em que tropeço, não faço castelo ou calçamento, faço pontes.

Muros separam, caminhos vão longe. Pontes trazem para perto.

 

Eu, Imperador, sou a concretude e o concreto – a vida real, com rigor e afeto.

Eu sou o momento em que a vida te faz perceber

que o seu lugar não depende de um cargo ou certificado.

O seu lugar de poder é onde você se coloca – e onde você se coloca, aí se torna palco.

 

Se a sua liberdade te foi dada, ela não é realmente sua.

Se sua posição foi uma nomeação, é só um nome, foi apenas emprestado.

 

Lembre-se: você não é o trono ou a cadeira que ocupa.

Não faça do manto a sua pele: a capa não define o livro.

Orgulhe-se de suas vestes, mas não confunda honra com arrogância.

A maior conquista é a sua soberania! E isso é um desafio.

 

Às vezes, nas batalhas diárias, as grades estão disfarçadas,

a armadura se torna armadilha, e você se faz prisioneiro

do tempo que nunca passa, ou que passa rápido demais.

Quando seu castelo for destruído, cetro e coroa dissolvidos, quem você será, afinal?

 
 

Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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