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Fazemos planos mas esquecemos

que a vida é tridimensional. Engavetamos sonhos mas esquecemos que eles são feitos para voar. Reverenciamos tanto nossos pais que esquecemos

que somos parte deles —  não eles.

Ouvimos tanto os outros que esquecemos... - qual era mesmo o som da minha voz?


Esperamos o sucesso chegar mas esquecemos

que sucesso é processo

Esperamos o amor chegar mas esquecemos

que amor é conquista

Esperamos o momento ideal mas esquecemos

que a vida é real, e não espera: - O que tiver que ser, que seja hoje! E, seja como for, haja o que houver, é preciso seguir em frente, sempre caminhando de costas.


 
 

Faz um bom tempo que eles estão ali, parados

em frente à porta, de mãos dadas

mais curiosos que apreensivos,

ansiosos, mas hesitantes.

A porta, imponente e inabalável:

nem uma frestinha antecede o porvir

nem um só som por detrás se faz ouvir.

Paira apenas um ruído de grãos de areia caindo

dentro da ampulheta imaginária - o tempo urge

a alma se agita, não se pode mais adiar.


Há que ter coragem para fazer escolhas

- ouvir e agir com o coração. Então eles se entreolham

e como duas almas antigas e amigas

entendem o que precisa ser feito.

As mãos se desenlaçam, e juntas

empurram a porta, que suavemente desaparece.

À frente, um caminho

largo o suficiente para que cada um

ande seu passo, no seu espaço;

mas não tão largo que a amizade os perca de vista.


Foi uma bela viagem até aqui, e continuará sendo

paisagens diferentes trazem belezas diferentes…

Todo viajante quando sai de casa

não sabe bem o que busca

mas descobre o que é quando encontra -

de repente está lá, a porta.

Não é a porta que ele busca,

tampouco o que está além dela

é sim, a certeza cristalina

de uma força esquecida.


Há que ter coragem para abrir a porta

porque o que vem a seguir ninguém sabe

pode-se até intuir, mas enquanto há dúvida,

também há ilusão

e muitos preferem esse ópio

ao êxtase da realidade.

O bom viajante segue a bússola interna

e sabe que o caminho é temporário

só ou acompanhado, na verdade,

todo viajante é um pouco solitário.


E, da porta que juntos abriram,

se fez portal, uma moldura do vazio

não um vazio de esquecimento

mas um vazio de todas as possibilidades.

 
 

A vida é um fio – Passado – Futuro

a conexão, o elo,

a ponte com o invisível.

Presente é o que se dá

não em troca, mas em partilha

a via, o vínculo, o fluxo de energia.

Ser presente é ser pleno de si,

e todo mundo já tem a si mesmo, plenamente,

às vezes, só falta limpar a lente:

des-envolver a visão

ao invés de inventar uma nova versão.

"Ser" é verbo intransitivo

disso que chamamos vida:

um mosaico de escolhas.

Não é busca, é sempre reencontro

porque o que tem que ser, já é.

 
 

Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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