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Nas paredes da memória

vêem-se quadros envelhecidos

tinta sobre tela

manchas entristecidas.

Parede descascada,

desfolhando-se em pó

rostos desconhecidos

silêncio, e só.

Já é hora de revisitar memórias

repintar essa parede

e ao colocar novas tintas

a parede desaparece.

Não há limite ou limitação

o sofrimento desmoronou

a prisão era escolha

é hora de libertação.

Não há mais paredes

tudo é uma grande janela

lembranças são futuro

passado é página em branco.

 
 

Estou em casa, só

sorriso no canto dos lábios

cantando cantiga imaginária

imaginando o invisível

o chá sobre a mesa esfriou

lá fora a noite vem devagar

o tempo passa mas é sempre hoje…

Todo dia eu acordo

visto outra roupa

no corpo que parece o mesmo

ando o mesmo percurso

sem reparar no caminho

viver distraído

é como trair seus sentidos…

Essa noite sonhei

mas nem lembro o que foi

sempre tenho sonhos

mas depois me esqueço

a gente cresce e esquece

os sonhos crescem e se vão

a realidade é uma gaveta

menor que a imaginação…

Mais um pouco e já é sábado

vive-se em função do fim de semana

ou das próximas férias

vive-se de espera

mas quem espera não vive

tampouco memoriza o calendário…

Peguei papel e caneta

a fim de capturar ideias

prender emoções em palavras

aprisiono-me na tentativa

liberto-me quando desisto

as palavras certas me encontram

e encontro-me quando as escrevo.

 
 

Aprendi que nem sempre os planos funcionam que nem sempre tudo é como a gente quer que a gente nem bem sabe o que quer na maioria das vezes…

Aprendi que, às vezes, é preciso se apressar fazer acontecer, lutar, ter coragem ter mais fé em si mesmo e olhar para o espelho com mais gentileza.

Aprendi que, às vezes, é preciso desacelerar tomar fôlego, olhar para o lado desviar a atenção do próprio ego e ver que a vida vai além do que se imagina.

Aprendi que isso que chamamos vida começa antes, bem antes e não acaba nunca, e qualquer despedida é meramente temporária.

Aprendi que existem vários tipos de amor e cada um dura o tempo necessário pois a vida é feita de escolhas e todo fim é um novo começo.

Aprendi que nem sempre dá certo e, às vezes, o errado acerta - menos expectativa e mais confiança - menos futuro e mais sonhos de infância.

Aprendi que o olho se ilumina com a arte e alma se alimenta com a beleza que o belo não é perfeito e que o imperfeito nos faz humanos.

Aprendi que não há resposta certa porque a vida não é uma pergunta… que não há “porquês”, mas “para quê” que “para sempre” é muito tempo porque o tempo passa mas é sempre hoje.


 
 

Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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