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Então, não é que a Poesia

veio aqui outro dia

e de mansinho

começou a cantarolar

e na cozinha fez bolo

e foi pra varanda

só pra ver o tempo passar.

E o Tempo acenou para a Poesia

porque há muito não se viam

fazia tempo que a Poesia

não tinha tempo

e o Tempo tinha perdido

o contato da Poesia.

Na correria da vida

Tempo e Poesia se desencontravam

mas agora, na quietude,

tanta coisa tinha mudado…

Agora, há tempo para poesia

e há poesia no tempo.

 
 

Meu nome é Poesia vim para falar de beleza sou meio calada, um pouco tímida apenas observo e sorrio. Minha fala é feita de silêncio e vai direto ao coração pulsa no sangue, ecoa na alma transcende a morte, transforma a vida.

Sou essa que está escondida na beleza do dia-a-dia a despercebida que poucos reconhecem muitos poucos me conhecem e muitos me acham esnobe tenho fama de difícil sou incompreendida. Porque a beleza que anuncio não é uma beleza fácil é uma beleza inconveniente não dos sonhos ou do ideal mas da vida real, a vida que há. Ainda que me ignorem, estou aqui mesmo que me julguem inútil, continuarei aqui. Porque eu não estou na tinta nem no papel estou no seu olhar estampada no espelho refletida na sua pupila multiplicada no seu cérebro entranhada em seu corpo misturada na sua aura. Eu, Poesia,

sou o seu lado (in)verso a sensibilidade que te nutre a emoção que te comove o sussurro que te arrepia

o suspiro que te acalma. Sou o verso do espelho a beleza que você só vê quando “você” se torna “eu”.

 
 

E então, nossos olhares se cruzaram

algo mudou e tudo fez sentido

não foi a primeira vez que nos vimos

onde eu estava que não te reconhecia?

Nossos olhares tinham o mesmo brilho

e, sem palavras, entendi seu coração

sem querer eu tinha te perdido

mas você deu um jeito de voltar.

No espelho, olhei seus olhos

e enxerguei meus sonhos de outrora

com gratidão você sorriu de volta

e devolveu a imagem esquecida.

Foi como fazer as pazes com uma velha amiga

e me ver pela primeira vez

o mesmo reflexo de sempre, tão diferente

- o espelho era eu mesma

mas não era eu no espelho.

 
 

Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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