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As novas dinâmicas de trabalho e o contexto de mercado acirrado, concomitante à popularização do modelo agile, avanços em machine learning e inteligência artificial apontam para uma competência cada vez mais importante: a criatividade.


A criatividade não é imitável, não é substituível, não é artificial. É exclusiva, única, natural. Não é um certificado a mais para se destacar no mercado de trabalho, mas uma habilidade humana a ser praticada nas atividades cotidianas.


O entendimento sobre criatividade transita entre o glamour e o preconceito: do achismo de que todo criativo é artista chiquérrimo ou louco revolucionário. Não há meio termo, e a criatividade ora é vista como uma benção, ora como uma maldição.


Para além do aspecto inventivo e fantasioso, a criatividade dialoga com o senso de responsabilidade. Sim, trata-se de um comprometimento tão grande que se tem com a própria verdade interna, que não se pode ignorar, é preciso expressar as ideias que estão dentro de si. Ser criativo é ser honesto com aquilo que se acredita, ter coragem de se expor sem vaidade, e ser cordial no modo de colocar sua criação a serviço do mundo.


Criatividade não se restringe à expressão através da comunicação ou da arte, mas se expande em inesgotáveis formas de materializar sua mensagem no mundo, à maneira particular de cada indivíduo. Em um contexto marcado pela busca do propósito e autenticidade, as pessoas estão cada vez mais atentas a essa voz interior, e têm se perguntado: -- qual a obra, o legado que eu quero deixar ao mundo? E você, qual o seu papel no mundo?


A atividade artística funciona como descompressão, pois traz foco, concentração, relaxamento, tempo para si, satisfação pessoal. Além disso, é uma forma de empoderamento, pois foi você quem fez. É transformador, porque você se percebe capaz.


Bem-estar e criatividade, portanto, se conectam nesse ponto de intersecção entre “ser” quem você é, e “estar” aqui agora, no tempo presente.


Uma vez li uma frase que dizia que “as pessoas estão menos consumistas, mas cada vez mais imediatistas”. Isso me intrigou, pareceu um contrassenso... as pessoas querem economizar tempo, não porque têm coisas demais pra fazer, mas porque têm conteúdos demais para absorver, o que continua sendo um consumismo... de entretenimento, de mídia, de ideias alheias. E onde estão as suas próprias ideias?


Não estou falando que “ser criativo” é encher as redes sociais com fotos e posts, gerar conteúdos vazios que quase ninguém lê; não é produzir a todo custo, mas expor o que faz sentido, trazer novos sentidos, ressignificar.


Ser criativo é ter um olhar crítico sobre as coisas do dia a dia, ter um olhar apurado, reajustar, reparar, re-parar e olhar de novo, olhar o espelho, olhar o outro, olhar o mundo com calma, com alma. Ser criativo requer uma folha em branco, um respiro, um momento de descompressão, uma prática artística que te desafie a sair de onde você está para onde você pode ir.

 
 

Um estilo de vida criativo é uma vida na qual a beleza poética do cotidiano não só é percebida, como também se torna fonte de nutrição para suas ideias.


Um estilo de vida criativo é colocar uma pitada de arte no dia a dia; algo que fuja a rotina compressora e faça um detox emocional.

Um estilo de vida criativo é ter contato com uma prática artística, não só assistir, mas fazer (veja bem, eu disse práticar), não para se tornar um "artista", mas simplesmente para entrar em contato com seu Artista Interior que quer expressar quem é, após tanto tempo adormecido, silenciado e esquecido.


Um estilo de vida criativo é deixar uma fresta aberta para que a estética dê uma arejada na sua mente preocupada e congestionada de pensamentos barulhentos, para que os novos e frescos ares revigorem as sinapses com novas ideias.

Um estilo de vida criativo é olhar nos olhos e saber sorrir sem receio, sentindo-se confortável na própria pele. É sentir-se bem, estar de bem e estar de boa.


Por fim, um estilo de vida criativo é pautado na autonomia e na sustentabilidade, algo que se inicia agora, mas que se mantém vivo e constante no tempo, perene e fluente.

Um estilo de vida criativo não tem a ver com glamour, rebeldia ou subversão. Criatividade não é para poucos, criatividade é para todos!


Criatividade é ousar, mas não correr risco.


Na verdade, não há lugar mais arriscado para se estar do que a sua zona de conforto. Não pelo sentido de estagnação, mas no sentido da arrogância. Quando ficamos na bolha daquilo que é conhecido e fazemos bem, nos tornamos muito bons, e aí nossa sombra emerge em forma de um pedestal de soberba.

Por isso a zona de conforto é um lugar arriscado. Por isso é importante ir para a zona de confronto, se desafiar a criar algo, fazer algo por si só. Porque quando você se coloca nesse lugar, você se torna mais criativo: não tem jeito, você terá que usar velhas ferramentas e todo seu conhecimento acumulado para construir algo novo.

Sair da zona de conforto é desconfortável, obviamente, mas ninguém veio a esse mundo para descansar. Ninguém chegou confortável (nascer me parece bem desconfortável). Estar desconfortável com alguma situação é o que leva a ser humilde, aprender, refletir, evoluir.

Sem humildade a criatividade te abandona, porque o ego sufoca a inspiração. Sem inspiração, simplesmente, a gente não respira!

 
 

O Artista Interior é como a Criança Interior, mas já crescida e mais madura; talvez uma criança interior mais empoderada e consciente da sua potência criativa.


Na verdade, acredito eu todo mundo nasce meio artista, mas como o conceito de “arte” é um tanto confuso e controverso, muita gente nega a arte que, genuinamente, brota de si.

Muita gente não entende a arte dos museus, por isso nega a arte. Arte não está só nos museus. Arte não é para ser entendida, é para ser sentida. Arte não é algo explicativo, descritivo, não é uma receita, uma fórmula pronta, ao contrário, é uma fórmula a ser inventada, e cada um vai fazer do seu jeito, como uma alquimia criativa. Arte não é imitação perfeita, ou a reprodução de algo belo. Arte não é a aleatoriedade de um rabisco.

Arte é intenção. É a energia criativa intencionada, tensionada ao máximo desse ponto entre alma e corpo, como uma força que nasce internamente, uma vontade de expressar ao mundo quem você é, que se torna um fio invisível mas muito luminoso que conecta o seu “eu” mais sagrado (seu eu-criador) com o mundo ao seu redor.

Costumo dizer que inspiração e intuição são as duas faces da mesma moeda, uma moeda chamada criatividade, que você recebe à medida em que você doa. É a lei da abundância e prosperidade criativa, um ciclo virtuoso que flui quando você doa o seu dom.


Tem uma frase que vi uma vez, não sei quem foi que criou... mas achei genial: "A criança, antes de falar, ela canta; antes de andar, ela dança; antes de escrever, ela desenha."

Inspirador, não?

 
 

Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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